Co[r]relatos

Aqui é o lugar das vozes. Alguém afirmou: “Não existe a verdade, existem as vozes”. Então que se façam ouvir. Podem se manifestar todas as pessoas relacionadas com as músicas que vêm acontecendo na Ilha de Santa Catarina (e além-mar, por meio das pontes aquáticas, aéreas, internéticas) nas duas últimas décadas ou mais atrás. E a relação pode ser como ouvinte, consumidor(a), apreciador(a), compositor(a), instrumentista, produtor(a), jornalista, cantor(a)…

Basta usar o espaço de comentários abaixo para fazer o relato/depoimento, contribuição preciosa para este projeto.

(Por aqui a escrita segue até quando for, já que esta página tem como função ser canal de diálogo aberto e reservatório de referências).

Os interessados podem ler as PUBLICAÇÕES, abertas, e acompanhar o andamento do texto, de minha lavra, enriquecido com as falas de muitas outras pessoas.

Antecipadamente, GRACIAS a todos os colaboradores.

Abraços!

Nota: A responsabilidade pelo teor dos comentários cabe a cada autor. Este espaço apenas os publica, sem que a publicação represente concordância tácita. Contato, li por aí, significa a apreciação das diferenças.

45 pensamentos sobre “Co[r]relatos

  1. As lembranças que tenho da cena instrumental de Floripa fazem parte de uma época outra, de lugares que não existem mais … como aquele lugar “La purpurata” que ficava no Monte Verde … lembro bem do Guinha e Gringo; gás total. Músicas de 15, 20 minutos numa interação orgânica … o café matisse, nos tempos bons (acho que foi o primeiro dono), o toucinho no Chaplin, beira mar … hehehhe. Alegre e Hermeto no cic; Os sons do Armazém vieira. Também tinha um bar na Joaquina, que tocava o excelente baterista Marquinho e a banda Metal Brasil. Também tinha aquele projeto, no começo dos anos 90, lá no Sambaqui. Eu e Arley tomando um negocinho e o Fidel arrepiando com a sonzera !!!
    Parabéns pra o Felipe e nóis que podemos desfrutar disto aqui.

    • Felipe Obrer disse:

      Gracias, Ledoux! Acho que poderias alongar mais esse teu relato, já que provavelmente conheceste paisagens e presenciaste situações que quem chegou depois não viu nem comeu, e muitas vezes nem ouve falar.

  2. Iara Germer disse:

    Ledoux, só uma correção: o “La Purpurata”, que era uma casa muito bonita, ficava no Saco Grande I, que agora é João Paulo, e atualmente abriga um edifício com o mesmo nome!

    • Felipe Obrer disse:

      Iara, grato pela tua contribuição também. Que tal exercitares um pouco as lembranças e falar mais sobre tuas vivências relacionadas à música na ilha (nos últimos 20 anos, que é o recorte temporal aproximado que escolhi usar)?
      Abraços!

    • Guilherme S. Thiago Ledoux disse:

      Opa ! hehehe brigadão Iara.

      • Felipe Obrer disse:

        Ledoux, se quiseres por gentileza, dá um panoraminha geral de como surgiram Os Skrotes (que não são nem os Skrotinhos do Angeli nem os Strokes de Nova York). =) E, se quiser, fala também de como está a vida musical de vocês agora, se dá para viver disso, como é que está o espaço sonoro (na ilha, além do sideral).

  3. Opa !

    Falar dos Skrotes é engraçado e intenso.
    Mas tem que ter humor, porém humor negro, sabe? hehehe.

    Na verdade tem muita coisa junta ali, e por isto que acho que tá rolando legal, tudo é espontâneo e intenso, como se fôssemos atraídos pela musica; sabe quando tu tens uma preguiça que faz, ao invés de descansar, trabalhar mais? É assim que rola… imagine, com toda aquela colagem rítmica e as camadas timbrísticas, só podemos ter que queimar muita massa cinzenta mesmo. Mas a coisa toda é natural e é isto que mais gosto… tipo não parte de “Vamos fazer um samba?” mas sim de “Se misturarmos a música do caminhão de gás com samba, pode ficar interessante, né?”.

    Tocamos juntos há 2 anos e meio, fomos batizados por um dono de bar, cansado de não ter como divulgar a noitada, resolveu nos dar este presente; esta jóia de assinatura “SkRoTeS”. Nós, como não tínhamos um nome melhor, aceitamos a intizica, e isto é motivo pra situações inusitadas… num primeiro momento, não descreve o som. Depois cai a ficha e todos entendem.

    Os nossos passos são lentos, porém contínuos, nunca retrocedemos. Isto acho legal. Pudemos experimentar lugares incríveis em 2011. Acho que este ano nos reserva muita coisa.

    Estamos aí, botando a cara na rua. O que nos motiva não é a grana, mas estamos cada dia tentando profissionalizar a coisa toda, porém sem perder a malemolência!!!

    Abs em todos, e obrigado pelo espaço.

  4. Jane de Souza Han Liem disse:

    Só moro em Floripa há 4 anos. Moro no Porto da Lagoa e sempre faço questão de ir ao centrinho da Lagoa para ouvir boa música no shopping. Mas num sábado, neste começo de verão, cheguei lá e não tinha nada. Mas vi dois homens sentados no banco em frente, e um deles tentava afinar um violão. Perguntei: vocês vão tocar? Eles disseram que sim, mas o que tentava afinar o violão foi embora e o outro rapaz, um peruano tocou pra mim músicas tipicas de seu país usando a quena(flauta) e o violão. Ficamos amigos e fomos curtir os ensaios da União da Ilha e o PolleraPantalón(grupo Argentino). Foi bom, rolou até um romance. Agora ele foi encontrar os amigos no Rio de Janeiro e a saudade está me matando. Mas sempre que posso fico ouvindo a música do grupo que baixei na you tube http://www.youtube.com/watch?v=Yfu0Qmui3PE.

  5. Travessa do Samba

    Em setembro de 2011, eu, Luiz Henrique, Andrea Rosas, Grupo Projeto Nosso Samba representado pelo Alvinho Carioca, Bira Pernilongo, Velha Guarda da Protegidos e Instituto Arco-íris criamos o projeto Travessa do Samba. A idéia era divulgar os compositores de samba em Florianópolis e contrinuir para a revitalização do centro histórico.
    Todo sábado os integrantes da Velha Guarda da Protegidos junto com o grupo Projeto Nosso Samba se revezavam para apresentar sambas de compositores da região dentro do espaço cedido pelo Instituto Arco-Íris lá na travessa Ratclif no Centro.

    Para quem não sabe, nessa mesma travessa fica o Bar do Noel, local tradicional de encontro de sambistas, que contrata, ou contratava, assiduamente grupos de samba para se apresentar enquanto servia uma deliciosa feijoada. Pela travessa Ratclif passavam os blocos de carnaval antigamente.

    Ela fica bem perto do terminal de ônibus antigo e depois da criação do TICEN ficou deserto. O projeto era perfeito. Começava às 17 horas, bem depois da apresentação do grupo Bom Partido no Bar do Noel. Todo o pessoal do bar ia direto pra lá assistir o Projeto Nosso Samba junto com o Bira Pernilongo e a Velha Guarda da Protegidos cantar seus sambas. Até tocavam sambas famosos mas a maioria era composições do Tião, Alvinho, Bira, Velha Guarda, Julio Maestri além de cantar sambas-enredos de várias escolas daqui.

    Estavamos submentendo o projeto à leis de incentivo a cultura e/ou financiamento coletivo a fim de angariar fundos para pagar os músicos, convidados, produção, limpeza e banheiro químico.

    Mas um dia alguém reclamou do “barulho” e essa reclamação virou uma liminar endereçada aos proprietários de bares da rua e ao Instituto Arco-íris proibindo qualquer manifestação musical naquela rua…

    O projeto teve que de ser interrompido.
    Há alguns registros interessantes sobre a idéia.

    http://travessadosamba.wordpress.com
    https://www.facebook.com/travessadosamba

  6. Entrando aqui, me deu vontade de relembrar o memorável bar Jogral na cabeceira da ponte Hercílio Luz. Sempre sons de qualidade, e figuras das mais interessantes da ilha. Tive o prazer de pegar os últimos anos do bar… hoje não sei por onde anda o França, mas o lugar era lindo e tinha aquela vista maravilhosa para a ponte e para o mar, além da sopa. É um lugar onde tenho presas boas memórias de minha chegada na ilha e dos inicios de trabalho com música por aqui junto com o João Amado.

    Acho que hoje virou uma rádio. Aquele lugar sempre rendeu boas histórias, e se eu peguei a finaleira do bar, tenho certeza que os amigos por aqui vão poder contar poucas e boas. começo com uma:

    Certa vez tocando com o Amado, chegou um pessoal pelas 3h30 da manhã (horário de pico do local huahauhau). Era um grupo de respeitáveis senhores e senhoras, em clima de “encontro da turma de jornalismo de 63”. Pediram que tocássemos Pais e Filhos. Eu, que sou super fã da Legião Urbana, toquei feliz da vida… foi lindo ver aquelas pessoas juntas abraçadas em clima de natal, de mãos dadas cantando “é preciso amaaaaaaaar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Se filmássemos com uma 7D, daria uma linda propaganda de natal. Logo em seguida, pediram que o Amado tocasse uma do Ney Matogrosso. Ele tocou Bandoleiro… pois me bastou piscar os olhos e lá ia uma baita briga entre eles… não acreditamos no que acontecia… “segue tocando, disse eu pro amado”… depois “eita, deu briga mesmo.”

    Pedimos pra parar e, claro ninguém deu ouvidos. Resumindo, o senhor que foi o primeiro a agredir, tinha um audi preto estacionado na rua em frente. O senhor que foi agredido, foi até a rua, pegou uma chave de fenda e arranhou com vigor e tenacidade um audi preto perto do bar. Minutos depois ele entra no bar e diz, “tá aí! agora destruí teu carro, bonitão!”.

    Daí empurra-empurra e tudo quase-de-novo. Logo em seguida chega a polícia e mais uma dezena de pessoas de pijama, moleton furado de dormir etc… um senhor de bermuda curta tipo seleção brasileira dos 70 com um sapato “moca-sim!” disse pro policial “é ele… eu tava fumando na janela do apartamento e vi este homem danificando meu carro”. Explicando: o carro do senhor-agressor, estava estacionado mais à frente… então todos nos demos conta de que o carro danificado era de uma pessoa que não tinha nada a ver com a situação toda e estava fumando na sacada de seu ap enquanto um maluco arranhava seu carro. No dia foi uma sensação muito ruim de presenciar aquilo… mas depois ficou a parte da comicidade da situação. Alguém tem outra sobre o Jogral?

    • Felipe Obrer disse:

      François, nunca conheci o Jogral… Muito bom teu relato! Realmente uma situação meio filha do surrealismo, né? Abração e gracias. (se quiser falar mais, incluindo Karibu, Duo Valentia etc., ótimo…)

    • Amado disse:

      O Jogral antes chamava-se Lugar Comum e sempre foi um reduto de encontro dos músicos da ilha nas madrugadas, pois ficava aberto até o dia raiar. Servia canja pra quem quisesse curar da noite ou tomar a saideira olhando aquela vista de cartão postal.

      Além do mais, há de se fazer uma observação pertinente, e que podia servir de sugestão para os demais bares e casas noturnas da ilha: equipamento de som na casa. No Jogral, mesa de som, caixas amplificadas, microfones, pedestais e percussão, estavam sempre montados e esperando os músicos que iam tocar na casa (além das canjas e jams inusitadas que a imprevisibilidade e boas sincronias podem favorecer).

      De resto, há de se dizer que o dono, o “França” era muito simpático e gostava de contar estórias das mais cabulosas…

  7. […] jornalística da música autoral contemporânea na Ilha de Santa Catarina InícioCo[r]relatosImagensO projetoVídeos mar 02 2012 Deixe um comentário Por Felipe Obrer Economia […]

  8. Egeu Laus disse:

    Pessoal, ajudem o velhinho aqui: Alguém lembra de um Festival de Música em Floripa por volta de 1970/71 ou 72 com a final no Teatro Alvaro de Carvalho?? Uma das músicas chamava-se “Urubu” falava: voa urubu, bem mais alto que arranha-céu… (caraca vou lembrando aos poucos) – um dos grupos premiados era um grupo de samba de negros do centro de Floripa, usavam atabaques e violões, acho que grupo de 4 ou 5. Era um grupo bastante famoso na cidade, na época… Eu fui um dos jurados…

  9. Oi Felipe. Como tu disse, vou dar uma olhada no corpo de cera de Mnamosyne.

    Postagem 1: A ilha em agosto-setembro de 1992

    Bom. A primeira temporada que fiz na ilha foi em agosto-setembro de 1992. Lembro que vi o especial de 50º aniversário de Caetano, o “leão de fogo” que sem a terra “se consumiria”. Naqueles tempos a noite da ilha era extremamente informal e…. BOA!! Lembro que nenhum dono de bar se surpreendia se eu pedia cachê… Isso era normal. Também tinha uma coisa boa que era que havia lugares em que aceitavam o trabalho no formato que o artista quisesse dar. Hoje, o ambiente da ilha é (supostamente) mais “profissional” mas asquerosamente inclinado aos trabalhos de “macaqueada”, o dito “cover” que eu, pessoalmente detesto. Uma anulação do eu do artista… Lembro que eu (naqueles idos tempos) fazia shows que misturavam canções próprias sobre texto meu ou de poetas (Rodrigo de Haro, Neruda, Nicolás Guillén), tangos argentinos, MPB, rock e…. FRANZ SCHUBERT à capella!!!

    Nenhum dono de bar fazia a menor objeção a meu repertório. Aceitavam o “louco” que tocava sem amplificação. A noite da ilha era pitoresca. Mas tinha espaço para fazer coisas muito interessantes.

    Havia uma abertura que hoje, em função de um suposto “profissionalismo” não é possível.

    Naqueles momentos não mandava o dinheiro, mandava a vontade de se divertir.

    A ilha continua linda…mas…perdeu esse encanto folclórico que tinha. Para mim agora virou uma extensão de MOEMA. E aquele suposto profissionalismo… Bom. Eu não tenho carro. Eu não tenho aparelhagem de som. Eu não posso tocar na noite de Floripa hoje porque não tem bares com aparelhagem própria, salvando honrosas excessões (PONTO DE eVISTA é um belo exemplo). E fica pior se pensarmos que alguns desses lugares selecionam trabalhos de “macaquinhos” de alguém que toca no rádio.

    A ilha em 1992, além de ter muita mais natureza, além de poder deixar uma bike no centrinho da lagoa sem cadeado e voltar no dia seguinte pra pegar, tinha uma noite pitoresca, divertida, com muito trabalho musical ruim, mas com coisas surpreendentemente originais.

  10. Marcelo Ricardo Villena disse:

    Postagem 2: A ilha de 1996 a 1999

    A noite da ilha nesse período começou a sofrer mudanças. Começou a se usar o esquema de cover artístico, pelo qual o músico é sistematicamente roubado pelos donos de boteco. Eles geralmente repassam menos do que deveriam repassar, além de fazer o músico trabalhar sobre risco. Nesse período fiz um show de tango argentino chamado “O Tango no Desterro”, com Marcelo Gasparini no baixo, Diogo de Haro na sanfona, Toicinho no piano elétrico e Anibal Ernesto Quiroga no violão. Eu cantava. O repertório eram tangos argentinos tradicionais: Gardel, Razzano, Flores, Discépolo, Mores, Contursi etc.

    Não durou muito. Não tinha público para isso. Em tese na ilha tem gente que gosta de tango. Mas talvez gostariam de show com bailarinos. Uma mega produção. Nosso show era centrado nas canções e (coisas do nossa mente colonizada) a língua se torna um impedimento.

    Coisa que não acontece quando a língua cantada é o inglês. O espanhol cria mais empecilhos que o inglês… Não entender um rock é perfeitamente normal e não impede sua fruição. Não entender espanhol impede a fruição, parece. Mas bom. Após esse show fiz alguns outros misturando diversos estilos. Mas passei a me dedicar mais à docência e ao ambiente da música clássica, que era um ambiente incipiente.

  11. Postagem 3: 2002-2005

    Nesse tive duas atividades: música erudita e o show Poetas.

    Na música erudita participei de óperas (La Traviata, Madame Butterfly e Cavaleria Rusticana). Isso é muito bom. Floripa tem uma ópera por ano garantida, coisa que não é tão usual em cidades brasileiras de maior porte. A ilha tornou-se uma referência pelo Festival Aldo Baldim. Também cantei no Polyphonia Khoros e no grupo de música antiga Cantus Firmus, ambos referência de música erudita feita com seriedade e profissionalismo. São sinais do progresso da ilha nessa área.

    No âmbito popular apresentei meu show Poetas, que é feito de canções próprias sobre textos de autores catarinenses: Rodrigo de Haro, Dennis Radünz, Lindolf Bell, Maria Senna-Pereira, Cruz e Souza. Foi um show de canções com uma boa dose de experimentalismo, influenciadas pelas minhas aulas com Marcelo Birck. O show era produzido por Glória Celeste. Surpreendia a irritação de alguns donos de bar quando Glorinha chegava com um contrato para eles assinarem…. Gloria fez um ótimo trabalho que valeu uma boa visibilidade ao show. Reflexo disso é minha inclusão no “Dicionário da Música Catarinense” do NEPOM, que tu, certamente, deves conhecer:

    http://www.dicionarionepom.ufsc.br/marcelo.htm

    Isso é obra da queridíssima Teresa Virgínia de Almeida, professora das letras.

    Outro cara que foi “ALTOX PARCEIRO” foi o gaúcho Cesinha Espíndola com as portas sempre abertas do seu PROJETO COOMPOR. Cesinha fez um trabalho de divulgação da produção autoral que foi maravilhoso.

    Aliás, vi extensões disso na última ida à ilha: um cd muito bacana!! Cesinha é um cara indispensável na ilha… Algum dia deverá ser feito um monumento a esse boêmio de lei….

    Poetas rendeu também a parceria maravilhosa com Dennis Radünz, poeta dos labirintos das palavras, Dionísios vivo!! Hoje mora na casa de Mnemosyne da Fundação Franklin Cascaes. A parceria está viva e continuamos fazendo coisas juntos e com a cantora Júlia Muniz.

    Outro louco lindo desse período fantástico é o Raja Rama. Argentino com cara de indiano, e que canta seus bajans como um autêntico indiano. O único problema dele é ser torcedor de Racing Club de Avelleneda…mas…fazer o quê? Todo mundo tem um defeito… Participei nos seus shows cheios de doce espiritualidade tocando flauta doce e violino.

    Em 1995, escondido no meio da mata do Itacorubi, compus Vidala, um show que teve muita influência do convívio artístico com Beatriz Tironi Sanson. Ela ajudou muito de forma não direta. Aliás: lê o TCC dela de jornalismo (UFSC) sobre o Bar do Frank, o saudoso Underground. É fantástico!!

  12. Postagem 4: Verão 2010-2011

    Dessa vez passei pouco tempo.

    Apresentei o show Vidala. Era uma dívida com a ilha. O show que nasceu aí, não tinha sido tocado ainda. Foi no Saint Germain Pizzaria, no Olho Mágico (espaço fantástico de encontro entre artistas) e na Casa das Máquinas do Casarão da Lagoa. A Casa das Máquinas foi aberta pela queridíssima Lilian Schmeil que apoia sempre o que tem de bom dando volta. Retomei a parceria com o Dennis Radünz (surgiram novas músicas sobre seus poemas), conheci o malucão do Diego de los Campos, gênio das imagens e dos sons e fiz o CD “Ilha de Santa Catarina Soundscapes by Marcelo Villena”. É um trabalho de “sons achados” no Morro da Lagoa, Ribeirão da Ilha, Barra da Lagoa e o Poção.

    É isso aí.

    Daqui a pouco volto para agitar mais com essa queridíssima gente ilhoa, sempre tão disposta a pirar bem. A ilha não é o paraíso das artes. Lamentavelmente o poder público (onde contamos com alguns aliados) não apoia na medida que seria necessário. Alguns projetos ficam truncados. Mas a ilha tem ótimos artistas e estão acontecendo coisas. Mais a partir dos esforços pessoais do que pela iniciativa “oficial”. Salve a ilha!! Tão viva!! Tão cheia de gente criativa!! Tão inspiradora com suas “belezas sem par”!! Salve o Zininho!! Salve o Toicinho!!

  13. Pois é, numa sexta feira de março de 2009, fui curtir um samba numa casa noturna que havia na Av. das Rendeiras (Jinga Bar). Lá encontrei uma amiga (Ida), que comemorava seu aniversário. Ao final da noite e como ela soubesse que eu também era músico e já havia integrado um grupo de samba no Rio de Janeiro, me convidou para dar uma “canja” numa roda que estava acontecendo às quintas, na Lagoa da Conceição e que se chamava “Samba de Quinta”. Adorei a idéia, pois estava com saudades de cantar e tocar pandeiro. Ela me informou o local e o horário.

    Passei a semana aguardando a chegada da quinta e lá fui eu, pandeiro em punho, louco de vontade de ouvir e participar da tal “roda”. Quando cheguei, aproximadamente uma hora após o horário marcado, não vi nenhuma roda de samba no local, porém lá estava a Ida, sentada numa mesa do bar com alguns amigos. Perguntei a ela se havia chegado muito cedo? Ela respondeu que não, perguntei então; e os músicos, cadê? Ela então me respondeu com a maior cara de pau, É você… Como assim??? Eu só toco percussão e me parece impossível realizar uma roda de samba sem nenhum instrumento harmônico. Ela disse: Relaxa, toma esta pinga mineira e vamos cantar um pouco, eu também tenho este chocalho (ovinho). Fazer o quê? Tomei a pinga e algumas cervejas, tirei o pandeiro da capa e comecei a cantar e tocar, todos cantaram juntos e comecei a achar gostosa aquela bagunça. Adorei conhecer aquelas pessoas, sua contagiante alegria e marquei de voltar na próxima semana. Voltei e o número de pessoas foi maior e o encontro mais animado. A cada semana que passava, crescia o número de participantes e ficava mais necessária a presença de algum instrumento harmônico. Um dia consegui levar lá um amigo meu, Álvaro Fausane, que levou um cavaquinho. O grupo ficou tão empolgado e cresceu tanto que fomos expulsos do bar. (O Empório Mineiro é um café que se propõe sóbrio, na porta de um shopping e não cabia tanta confusão). Eu já estava tão envolvido com o encontro que consegui achar um novo lugar para fazermos o tal “Samba de Quinta” o bar Varandas.

    Além de músico, também sou compositor, bem como o Álvaro Fausane e começamos a tocar nossas composições. Ele havia voltado de São Paulo e trouxe de lá a idéia de fazermos uma roda de compositores. Convidou vários músicos e compositores, numa quinta feira, e fizemos a primeira roda de samba com todos os intrumentos de direito (violão cavaquinho, surdo pandeiro, etc…). Resolvemos mudar o dia da semana para terça, pois às quintas vários músicos tinham compromissos de trabalho e combinamos terça feira. Como não fosse mais às quintas e nossa proposta era de apresentar composições próprias, resolvemos mudar o nome do encontro e terminou ficando “Projeto Nosso Samba”.

    Resumindo, uma canja despretensiosa terminou virando uma roda de compositores, que por sua vez, transformou-se numa balada e num grupo que hoje é profissional, compõe o cenário do samba de Florianópolis e já está concluindo seu primeiro CD.

    Hoje, através das parcerias que fizemos, temos composições que já preenchem mais uns três CDs. Meu nome também é Álvaro, como há dois Álvaros e sou do Rio de Janeiro, virei Alvinho Carioca. Assim nasceu o projeto Nosso Samba.

    • Felipe Obrer disse:

      Álvaro, muito bom teu comentário. Não conhecia precisamente como foi o início do Projeto Nosso Samba. Agradeço de coração pelo comentário e aproveito para perguntar: vocês têm algum registro em mp3 ou wav que tenham interesse em incluir no material que enviarei à Funarte junto com o texto? Cruzei com o Cristovam anteontem na Lagoa e ele disse que seria possível… Vejam aí e, se for a vontade geral do grupo, enviem algo logo, já que o prazo é de no máximo duas semanas agora para entrega do texto final. Abraços!

  14. Sufoco’s Bar

    Opa!!! Beleza?!

    Se o papo é o resgate musical na ilha, gostaria de relembrar o antigo Sufoco’s Bar, que se localizava na praia do Campeche, próximo a ASFISI.

    Perdi a conta de quantas vezes vi a banda Iriê tocando altos sons ali. Muitas outras bandas que fizeram história na ilha tocaram ali. Era localizado na praia e o clima era SEMPRE muito bom. Numa época em que a ilha era considerada mais “segura”, as bandas tocavam em noites que entraram para a memória de muita gente que teve a oportunidade de conhecer.

    Isso foi lá pelos anos 90 se não me engano.

    • Felipe Obrer disse:

      Grato pelo teu comentário, Vicente. Conta mais…

      Uma das lacunas que o texto ainda tem, estou ciente, é quanto às bandas que se formaram entre a segunda metade dos anos 80 e o início dos 90 e estão vivas, várias delas, até hoje (falo de Dazaranha, Iriê, Tijuquera e companhia…). Abraço!

  15. George disse:

    Muito interessante o texto. Não consegui deixar de lembrar do relato feito a mim por um amigo músico chamado Messias, um trompetista que viveu por aqui por alguns anos no início da década de 2000. Ele relatava que, quando vivia no Rio de Janeiro, só não trabalhava nas segundas-feiras porque optava pelo descanso. Quando mudou-se para cá, em virtude de uma transferência profissional, pois ele é militar, tinha grandes dificuldades para formular grupos musicais e tocar na noite, de modo que ele não conseguia entender o que acontecia em nossa cidade que a vida artística musical profissional não dava certo. O mesmo músico até tentava justificar o que acontecia no estilo de vida acomodado do povo daqui, mas acredito que este texto talvez contenha o diagnóstico com as explicações que Messias buscava…

  16. Acho que vale a pena destacar aqui os músicos e grupos que mostraram uma outra faceta da música do sul do Brasil, também estendida à música da América do Sul, resultado da transformação desta ao ter sua posição geográfica transferida dos pampas para a ilha de Santa Catarina.

    Faço referência a esta espécie de movimento da música aqui em Floripa não só por fazer parte do Entrevero Instrumental, que tem levantado esta bandeira, mas porque a lista de músicos/grupos, ilhéus ou radicados, que considero que representam esse fenômeno, é de peso. Cito aqui músicos como Alessandro Bebê Kramer, Guinha Ramires e Alegre Corrêa, e grupos como Dr. Cipó, Trio Ponteio e Sonido, e a lista fica em aberto para quem conhece ou identifica outros trabalhos.

    • Felipe Obrer disse:

      Gracias pelo comentário, Filipe! Realmente a lista é ampla… Lembrei do Trio Naima, que era formado pelo Felipe Coelho (violonista), que segue na ilha, pelo percussionista italiano Ermanno Panta (que foi à África, esteve por aqui de novo e no momento não sei aonde anda) e pelo flautista argentino Cristian Faig (também ido da ilha no momento, mas que enquanto esteve integrou além do Trio Naima também o DuoPlaneta (com o violoncelista Frederico Malverde) e o Quarteto Rio Vermelho (com Rafael Calegari, Mauro Borghezan e Leandro Fortes).

      Grande abraço (e fica à vontade para complementar teu comentário caso lembres de algo mais).

  17. Rodrigo Piva disse:

    Ilha da Música Ilhada…. confesso que esse ótimo título me instigou a tecer alguns comentários sobre os meus 22 anos de cidadão/músico ilhéu (aportei por aqui em 1990).

    Gostaria imensamente de poder falar sobre a evolução cultural da Ilha na última década, dos nossos avanços no panorama nacional, do nosso reconhecimento como um Estado produtor de cultura e arte, etc, etc.

    Mas, sempre tem um mas!…. O que se vê hoje em dia? Música de barzinho? Músicos pagando pra tocar? Donos de bares mandando no pedaço? Cachê, quando muito, de 100 pilas?

    Justiça seja feita, tem muita gente séria e talentosa neste pedacinho de terra perdido no mar, ah se tem! E outra surpresa: tem um enorme público ávido por espetáculos de qualidade feitos por gente daqui, que raramente acontecem. O que está faltando para a felicidade ficar completa? Quem souber, me diga! Percebo apenas que andamos largos passos para trás nos últimos tempos. Por quê? Quando cheguei por aqui, os músicos tinham espaço na imprensa. Até tocavam nas rádios! Vários bares incluíam na programação música instrumental de alto nível. A avenida Beira-Mar tinha vida noturna e música ao vivo…

    E hoje? O que sobrou? Carregar caixas de som e o público para bares barulhentos, pra ganhar uma merreca no fim da noite? Será esse o destino do músico ilhéu? Não creio. É hora de elevar nossa auto-estima e dar-se ao respeito. E isso vale muito para o público, que muitas vezes desconhece e deprecia os seus próprios artistas (uma vez o dono de uma loja de discos me disse, com todas as letras: “Canso de colocar os CDs pra rodar aqui na loja. Alguns clientes escutam, gostam e perguntam quem é. Quando eu respondo que é um artista daqui eles perdem o interesse…”).

    Então, viva a internet, vivam os blogues, sites e redes sociais, que nos permitem resistir, sobreviver e aparecer, dando uma banana para o boicote da mídia radialística tupiniquim, que toca música da Indonésia e da Austrália, mas, por regra, ignora toda e qualquer produção local, por melhor que seja.

  18. Felipe Obrer disse:

    Têm aparecido relatos interessantes em outra parte deste site também: https://ilhadamusicailhada.wordpress.com/about

    Transcrevo o mais recente, que merece estar por aqui também, do compositor e violonista Felipe Coelho (não reparem na confusão pela homonímia). Aspas pra ele:

    ´´Obrigado pelo convite Felipe. Fico feliz em fazer parte dessa história que acontece hoje em Florianópolis. É inegável o trabalho de muitos desde os anos 70 e até antes, para incentivar a composição em nossa cidade. Mas também é inegável que vivemos hoje uma forte onda. Um surto de idéias que todas juntas contribuem para chegarmos mais perto da nossa identidade musical. Talvez por a ilha não ser nem o núcleo do samba e do choro no brasil, e nem da música latino americana, ela seja dotada de uma certa abertura, para, sem deixar estas essenciais influências de lado, ainda fazer um caminho próprio. E através desse surto, a identidade de Florianópolis propriamente dita, se torna, cada vez mais clara.

    Pra mim esse é o grande barato da música: é que ela permite que cada ponto do planeta exprima sua identidade, única, assim como uma impressão digital. E quando a música passa a expressar a identidade mais fiel de quem a toca, sua beleza chega ao ponto máximo.

    -Contribuo com a minha trajetória-
    Nasci e cresci em Floripa até os 15 anos. Com pais bem musicados, ouvia LPs toda a infância. Gilberto Gil, Beatles e Ravel eram constantes. Aos 15 fui fazer intercâmbio, que com uma sucessão de bolsas de estudo, virou um mestrado em jazz e arranjo. Concluído aos 23 anos, morava em Atlanta onde tocava na companhia Perla Flamenca, e frequentava um movimento semanal de Gypsy Jazz, do estilo de Django Reinhardt. Tocava semanalmente na Serenata Salsa-Band com 8 músicos latinos, e blues com os Mighty Blue Kings. Não havia foco e as influências eram múltiplas, também tendo passado por um longo período estudando guitarra elétrica. Apesar de uma boa base em uma diversidade de estilos, já entendia que para montar um trabalho era preciso foco, a escolha de um caminho. E ao lado deste entendimento, a questão da identidade musical de Florianópolis (de “casa” como eu pensava na época) sempre me intrigava.

    Tinha boa experiência escrevendo para instrumentos orquestrais, e uma grande apreciação pela música de Guinga e os lados Bs de Jobim. A música desses dois me levava pra casa. Pensava na ilha com um sentimento de saudade chegando às vezes às lágrimas. No ímpeto de expressar-me, esse “foco” que faltava encontrou-se de forma natural, e uma paisagem musical começou a ser criada, arranjada para flauta, clarinete, violoncelo, acordeom, violino e violão. Ao longo de um ano nasceram “Escorreguinga”, “Chá de Boldo”, “Vento Sul”, “Doce Amargura”, “Florianópolis” entre todas as 10 peças que compuseram Raízes Trançadas. O disco foi gravado em 2007 aos 25 anos com o apoio da lei federal, e dois meses depois tocou três vezes em TV nacional pelo programa Manhattan Connection, indicado por Lúcia Guimarães, e abriu as portas pelo edital Elisabete Anderle para a produção de uma próxima paisagem.

    CataVento, que apresenta uma foto de cordilheiras andinas em sua capa (Virgínia Yunes), trazia em seu texto: “celebra a música do mundo, compromissando-se apenas com a beleza do som”. Já de volta a Florianópolis, sem o mesmo sentimento de saudade de casa, o foco passaria a ser esta “abertura” da nossa música, da qual falei no primeiro parágrafo. Tratou-se de uma busca pelo que haveria na liberdade de um compositor, nascido e crescido e residindo em Florianópolis, abrindo a mente descompromissada de quaisquer identidades, para vagar aos ventos. A gestação do ambicioso projeto para quinteto de cordas, flauta, clarone, baixo, bateria e violão, foi também de um ano. Do qual seis meses foram passados no Mediterrâneo. Mais 10 composições foram geradas e ensaiadas. Aparecia um lado mais experimental em “Suite Eletroacústica”, “Plano B”, pinceladas e lapsos ciganos como em “Cartagena” e “Rojo y Amarillo” e uma brasilidade inegável em “Choro Fantasiado” e “Nascente”. Olhava com orgulho a pilha de papéis de grades de arranjo impressas e guardadas, para um total de 20 densas composições registradas nos dois discos. CataVento trouxe o reconhecimento do Prêmio Funarte, que junto ao Circuito SESC, às leis de incentivo estadual e federal e convites por alguns festivais, levaram o grupo a mais 40 teatros pelo país.

    A maior parte do tempo com o instrumento, sempre tem se passado apreciando a linguagem musical do improviso, onde os músicos vivem o desafio de equilibrarem-se simultaneamente entre a total liberdade de expressão e a total fidelidade aos fundamentos musicais. Em casa ou nas gigs, algumas vezes há momentos mágicos de conexão musical espontânea, sozinho ou com outros músicos, por meio destes fundamentos, que são harmonia, ritmo e construção melódica. Acho o ritmo o mais importante. Admiro demais os poucos músicos que possuem a disciplina e inteligência para dominar esses fundamentos de forma a adquirir uma liberdade aparentemente total e ainda musicalmente fiel. Enfim, estes poucos momentos que já experimentei nessa busca pela “liberdade controlada” na qual engatinho, foram a inspiração para a produção de Musadiversa, ao lado de outros grandes músicos. Ainda creio que a elaboração meticulosa e o arranjo são chave na produção de um bom trabalho. Musadiversa atém-se sim às grades escritas e pensadas, porém com melodias muito mais convidativas à espontaneidade. “Ela” proporciona improvisos mais longos do que nos outros discos, além de diálogos abertos, ao vivo, onde, com emoção, vimos nascer motivos melódicos e ritmos que não haviam sido compostos. E pensando exatamente no contínuo questionamento sobre da identidade musical de Florianópolis, para este projeto uniram-se músicos chave que apresentam uma linguagem pessoal, e que desempenham um papel crucial no som da voz dessa cidade. São eles Luiz Zago, Mauro Borghezan, Rafael Calegari e Maycon Souza. O projeto Musadiversa, com poucos meses de vida, é convidado da Maratona Cultural de 2012, recentemente lançou imagens de DVD online, e “tá aí pra nóis vê óh!”

    Creio que devemos compor mais e aproveitar esta onda, alimentada pela ânsia e interesse das pessoas em ver ouvir música de verdade, e pelas oportunidades que têm surgido com a abertura de casas, festivais, editais, projetos e outras formas de proliferar nossas honestas contribuições para a música de Florianópolis.“

  19. Vim para Florianópolis nos anos 80, movida como muita gente que aqui está, pelo encanto dessa ilha, naquela época, ainda mais paradisíaca. Saindo de São Paulo, confesso que a adaptação à vida cultural da cidade não foi fácil.

    Desde lá venho inventando maneiras de realizar a minha profissão musical por aqui: criei a Banda de Baile “Quebra com Jeito” que teve momentos áureos com a participação ilustre de Neide Mariarrosa, grande diva e querida amiga que partiu no começo dos anos 90. Alguns músicos que participaram dessa banda são ainda meus parceiros musicais como Fidel Piñero, Aurélio do trombone e Denise de Castro.

    Sempre tocando nos bares, um lugar inesquecível onde rolava som era o “Lugar Comum”. Por ali, além dos músicos da terra, pintava todo mundo que chegava na ilha: Raiz de Pedra, Renato Consorte, são alguns que me lembro.

    No começo dos anos 90 passei 2 anos nos Estados Unidos e quando voltei senti a necessidade de criar a “Compasso Aberto-Escola Livre de Música”, um espaço para formação de músicos através de cursos regulares, workshops e shows. Por ali já tem passado muita gente: Toninho Horta, Guinga, Nenê, Borghetti, Ian Guest, Marco Pereira, entre outros.

    Em 2005 convidamos Tavinho Moura para uma participação no show dos dez anos da Escola, no teatro do CIC.

    Através do projeto “Quintas Instrumentais” idealizado pelo guitarrista Wslley Risso, vários grupos locais se apresentaram na Escola: Grupo Ponteio, François Muleka, A Corda em Si, Arreio sem Freio e muitos músicos como Rafael Calegari, Mauro Borghezan, Victor Bub, Silvio Mansani, Wslley Risso entre muitos outros.

    Agora estamos organizando uma oficina com Alegre Corrêa. E assim vamos, mão na massa!

    Silvia Beraldo

  20. César Félix disse:

    Olá Felipe, deixo aqui um breve comentário sobre minha experiencia pessoal com arte e música na Ilha. Cheguei na ilha em 1996 e parti em 2009. durante esse período participei da várias atividades e movimentos, pode ser que algo te interesse, vou usar a ordem cronológica para um melhor entendimento. Alguma dúvida, basta reclamar, ok. Lá vai:

    Cheguei na ilha em 1996. Entrei na UFSC em março de 1997. O movimento musical na UFSC era agitado, todos os finais de semana acontecia festa no bosque do CFH, as bandas tocavam no espaço onde hoje se localiza o café e a galera curtia o som na subida do bosque. As festas no bosque do CFH foram proibidas em 1999.

    Em 1999 participei de outro projeto na UFSC, o “Quintal das Artes”. A coordenação era do Marco Valente (DAC – UFSC). A cada 15 dias o projeto acontecia num centro diferente, tinha de tudo: teatro, dança, poesia, fotografia e música, muita música. Uma ótima iniciativa que acabou em 2000 por falta de financiamento.

    Em 2001 participei do projeto “Caldo Cultural”. Acontecia todas as segundas, na lagoa da conceição (Bar Drakkar). O projeto era coordenado por Cesinha Espíndola. Música autoral de primeira qualidade. No projeto, eu declamava poesia acompanhado dos músicos Jaime Santos no violão e Tuti na flauta. A coisa funcianava assim: Toda segunda, um artista ou um grupo era responsável pelo palco e pelo cachê da noite, os outros artístas colaboravam com as canjas e a noite ficava completa. Havia uma rotatividade e algumas tentativas de reuniões antes das apresentações. Tenho a impressão que foi esse projeto que transformou-se depois em “Projeto Velhos Amigos”.

    Também em 2001 eu vi nascer o movimento de batuqueiros de maracatu na Ilha. Eu acompanha os ensaios todos os domingos, aconteciam dentro da UFSC, bem em frente a concha acústica. Eu até tentei me aventurar por umas duas vezes, tentando tocar uma caixinha, mas o Galego, que na época coordenava os ensaios, me passou uns exercícios que eu achei muito repetitivos, não tive paciência para o ofício, abandonei esse desejo. Mesmo sem tocar acompanhei o grupo até o mesmo se dividir.

    Assisti o nascimento de dois grupos: O arrasta Ilha e o Sirigoiá. Como na época eu era diretor do DCE da UFSC e trabalhava na Favela Chico Mendes, passei a intervir na criação da possibilidade de os amigos do Maracatu se apresentarem nas comunidades de Florianópolis. Desta forma chegamos à favela Chico Mendes e subimos o morro da Serrinha. Em 2005 eu fui trabalhar como professor da escola Indígena do Morro dos Cavalos e lá se foi o Maracatu fazer uma apresentação dentro da aldeia. Tudo quanto era encontro que eu ajudava a organizar eu buscava possibilitar uma apresentação do Maracatu, até no encontro das Crianças do MST eles tocaram. Mesmo não sendo músico, sempre tive um apreço muito grande por essa manifestação. Eu via e vejo no Maracatu algo legítimo de nossa cultura, por isso fazia o possível para possibilitar que várias pessoas tivessem acesso ao soar dos trovões.

  21. César Félix disse:

    Ainda em 2001, ainda no DCE da UFSC, ajudei a organizar o UFSCTOCK, um festival de Rock que aconteceu no hall do atual Centro de Comunicação e Expressão da UFSC. O coordenador Geral do Festival era o José Guerreiro (na época estudante de Psicologia). 24 horas de som, iniciou às 18 horas de um dia e foi até às 18 horas do outro dia, sem parar, uma banda atrás da outra. e olha que a gente não tinha nem ouvido falar em virada cultural. Lembro que quem colocou o som foi o Gringo. Certa vez ele me disse que até hoje guarda todas as gravações das apresentações.

    De 2001 à 2005 continuei participando de organizações de eventos por toda a ilha.

    Em 2006 fui para o palco. Eu, Raphael Galcer no violão, Bernardo Sens na flauta e Gean Tommasi no Sax apresentamos o show: “sobre a arte de amar”. Aqui inicia minha revoada de apresentações sistemáticas de música e poesia.

    No segundo semestre de 2006 veio outro show de música e poesia: “ESPELHADOS” – A VIDA REFLETIDA EM POESIA. Juntamente com os parceiros Raphael Galcer (no Violão) e Ryana Gabech (declamando seus poemas).

    Em 2007 entra em cena o Margem Esquerda – Música e Poesia Brasileira: Eu na poesia, Luciana Alves (cantando) Laila Loddi e Osvaldo Pomar na percussão, Paola Gibram no acordeon e Raphael Galcer no violão. Pouco depois de o grupo formado ganhamos reforço e a formação passou a ter Marina Beraldo Bastos (flauta), Maria Beraldo Bastos (clarineta) e Eduardo Vidili na percussão. Mas essa história você já conhece.

    Em 2009 participo de mais dois projetos que envolvem música e poesia:
    “o Acordeon da palavra” – eu na poesia e João Tragtenberg no acordeon e “Rio da Impermanência” – eu na poesia e dois violonistas canhotos (Raphael Galcer e Rafael Buti)

    Além destes projetos participei de outras apresentações envolvendo música e poesia:
    1)samba e poesia – com o grupo bom partido; 2) rock e poesia com “Lamaçau; choro e poesia com “grupo Ginga do Mané”. Fico por aqui, se eu lembrar de outras e outros eu te informo. Um abraço do Cesinha.

  22. wslley risso disse:

    Saí de Sampa em 98 e mudei pra Califórnia, e em 2000 vim pra floripa, enfim, na minha opinião dos dois últimos anos pra cá a música instrumental nunca esteve com um nível tão elevado de instrumentistas, só de guitarristas que eu adimiro tem mais de 10… (antes também tinha mas sempre eram os mesmos…). Mas lugares para trabalhar ainda está um pouco longe do ideal… qualquer tipo de evento em Floripa tem que estar associado a baladas, etc, toquei durante um ano com Toicinho Trio na pizzaria Panzerotti e sempre estava vazio, as pessoas aqui ainda não têm o hábito de sair simplesmente pra ouvir música, tem que ter algo a mais, hora que essa cultura melhorar acho que nenhuma cidade do país vai ter um cenário de música instrumental tão bom quanto aqui!!!

  23. Felipe, dá uma olhada no trampo do Balanço Bruxólico, banda da qual fiz parte! Começamos a tocar em 2007 quando eu, Tuco Parizotto e Paulo Pabis estávamos ensaiando alguns covers e jams no estúdio Jardim Elétriko – do saudoso Luiz Maia! Foi ali que encontramos Erlon Evaldo, o primeiro guitarrista dessa nova banda batizada pelo baterista Paulo quando este pesquisava sobre nomes relacionados à cultura ilhôa…

    Em pouco tempo, já estávamos de volta no mesmo estúdio para gravar uma série de composições que viriam a figurar em nosso primeiro álbum (homônimo). É provável que o Erlon venha a te passar essas músicas, pelo que conversamos ontem no início de tarde. Com a saída de Erlon Evaldo em 2008 a banda acabou por ficar de molho durante vários meses à procura de um guitarrista que pudesse ampliar ainda mais os horizontes…

    Henrique Meyer foi o escolhido e uma nova sequência de shows é marcada ao passo que surgem as novas composições com expressivas diferenças em relação ao trabalho anterior da banda… são as canções gravadas com Henrique que atualmente figuram no myspace da banda (www.myspace.com/balancobruxolico) – dentre elas a música Moçambase, que ganhou um clipe dirigido por Bolívar Pigliasco! No segundo semestre de 2010, a banda resolve dissolver-se.

  24. Daniel Argolo disse:

    Caro amigo, Felipe. Sabe que pelo fato de ter chegado há pouco na ilha, não me senti no direito em grafar algo sobre a cena musical da formosa Floripa. Mas, tentado por você, somados a minha exeperiência em São Paulo e, mais recentemente, em Curitiba, deixo registrado aqui breves impressões do meu diário de bordo.

    Cheguei na ilha em agosto de 2011; como bem disse o amigo: de malas e bumbo. De lá pra cá, poucas foram as oportunidades de realmente colocar o “bloco” na rua. Pude dar uma canja/show, provocada por você, com Cássio Moura, Arnou de Melo e um excelente tecladista que me foge o nome.

    Depois, em uma outra oportunidade, com o Gustavo Messina e o Paulo Davi, que acabaram virando parceiros de uma GIG no Taikô. Acho que o fato de estarmos morando em uma ilha não deve determinar um comportamento “ilhado”. Acho que a ideia do Floripa Jam pode ser um começo para criar “pontes” entre artistas e músicos que não conseguem se conectar, seja pela falta de um espaço ou pela resistência.

    Música é troca, arte é fôlego e merece ter este exercício. By the way, dia 22/03 vou fazer um show “Elvis In Jazz” no Taikô e estou à procura de um baixista acústico. Oportunidade de improvisar, ampliar as amizades e criar uma nova ponte. Para conhecer o projeto, acesse: http://www.youtube.com/watch?v=svP5ILX2HYE

    Bóra tocar moçada.

    Daniel Argolo

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